quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ausência

Ilustração de José Fernandes de Souza Neto


Carlos Drummond Andrade

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém rouba mais de mim".

segunda-feira, 21 de junho de 2010

‘Simples é a vida de um coração simples’


Como ter uma vida mais simples? Qual o segredo da simplicidade? Muita gente deve fazer essas perguntas diariamente. Eu faço e passo horas e horas tentando responder. Então, essa é a minha diretriz para fechar a Blogagem Coletiva Vida Simples, do Mila’s Ville.

Muitas coisas que acontecem em nossa vida não estão ao nosso alcance mudar, mas se existe algo que podemos decidir é a forma como vamos reagir, como vamos encarar os acontecimentos. Ser simples não tem a ver com fatores externos, principalmente materiais. A simplicidade está na nossa essência, que acaba determinando a forma como nos portamos diante do mundo.

Quando aparece um problema, podemos escolher ser a vítima ou encontrar uma solução. Podemos agradecer por ter pessoas ou meios que nos ajudem a resolver, e no final ver o quanto crescemos e nos fortalecemos com ele. Mas também podemos dizer que Deus não é bom e justo, e que a vida é complicada ou ruim demais. Assim, podemos passar pela vida sem nunca notar o sol e o céu azul, ou então correndo atrás do sol que nasce no Japão. Mas também podemos aproveitar aquele que bate no nosso quintal.

Ser simples é se importar com o essencial, é ver a beleza que está disponível em cada cantinho pelo mundo afora, tanto nas coisas que se pode enxergar, como nas que se pode sentir. A beleza das flores e das cores do mundo, do sorriso da criança, dos prazeres de cada sentimento, de cada sensação, de amar e ser amado, de ser e ter amigos, de viver as surpresas de um dia após o outro. E simplesmente saber que se estivermos aqui amanhã e depois, teremos a chance de ver que os problemas são bem menores no dia seguinte.

Não é uma receita simples, embora tenha tudo para ser... Simplicidade é viver um dia de cada vez, e construir o melhor que podemos a cada dia. É ser feliz como somos, e onde estivermos. É fazer do cantinho onde moramos o nosso paraíso particular. É estar aberto para aprender com o mundo, porque o que temos em comum é que somos todos eternos aprendizes no meio de uma caminhada.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vou pro mar, lá é o meu lugar!

Atrasada! Mas acho que ainda dá tempo de postar. Prometo que essa semana tiro o atraso e visito minha turma, que sempre tem textos deliciosos esperando para ser saboreados! O tema de hoje da blogagem coletiva Vida Simples, do Milla's Vile, é lugar.


Eu seria repetitiva se falasse da minha casa e da rede onde gosto de ler. Aliás, eu procuro rede na varanda até quando faço pesquisa de hotéis para me hospedar.

Então decidi falar de um lugar que me fascina e que me faz sentir mais perto de Deus, mais em comunhão com ele. Sou simplesmente fascinada por praia! É estranho pensar onde Deus entra nessa história, não é? Afinal, pessoas bronzeadas se divertindo não parecem um cenário que convida à reflexão.

Mas eu gosto de praias mais vazias. Aquelas onde eu posso passar o dia ouvindo o barulho do mar e observando o balançar das águas que parecem alcançar o infinito. Onde no final da tarde o sol repousa e proporciona espetáculos dignos de cartão postal. Praias cheias de coqueiros. Energia do sol. Sinto que sou movida a sol e mar. E como mineira, o sol eu tenho por aqui, mas o mar é o que me completa, e me recarrega até o próximo encontro. E ele está à disposição de todos, assim como inúmeras maravilhas que Deus preparou para nos presentear. As pessoas chegam e vão embora. Algumas voltam, outras não. O mar está sempre de braços abertos, preparado para acolher a todos. Ele não escolhe e nem recusa convidados.

Ali, de frente para o mar, ou envolvida em suas águas, eu penso na perfeição da natureza. Nos seres que ele abriga. Quanta vida tem ali! E quanta água! A gente atravessa continentes e a mesma porção de água, que parece infinita, está lá. Só muda de nome e de aspecto. Como é fantástico ver aqui um mar azul, e ali verde ou até marrom! Um gelado, e outro bem quentinho. Isso sendo todos parte do mesmo oceano, que às vezes têm águas calmas, e às vezes mais agitadas. E a areia? Branca, preta, amarela...

Tudo funciona numa sincronia perfeita sem necessidade da mão do homem. Água vem, água vai. Sol vem, sol vai. Lua vem, lua vai...

Perto do mar eu sinto o vento no rosto, respiro um ar mais puro, e vejo o movimento da areia formando dunas ou tapetes, e até castelos nas mãos das crianças. Todas têm a mesma essência, mas cada praia é única, diferente. Assim como cada espetáculo do sol se pondo é um. Todos os dias o sol tem um brilho novo.

É assim que a natureza mostra que toda criação de Deus pode sempre fazer melhor...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vida mais simples é vida com amigos


“A amizade é um amor que nunca morre” - Mário Quintana

Eu costumo pensar que cada pessoa é um jardim. Para ficarmos exuberantes, perfumados e coloridos, precisamos de boas sementes, adubo e até uma fofadinha na terra. Aí entram na história os nossos amigos. Cada ajuda, cada experiência compartilhada, cada conversa, o carinho e o amor, a dedicação, os conselhos e até os puxões de orelha, são elementos que fazem florescer nosso jardim. E claro, nós também nos esforçamos para fazer o deles cada dia mais colorido.

O bom amigo tende a ser sempre uma pessoa melhor, porque a amizade nos faz desejar e querer contribuir sempre para que o melhor aconteça na vida do outro. E olhe só como é bom ter amigos. Quando acontece algo de bom em nossas vidas ficamos muito felizes. Eles também. Se temos muitos amigos, temos muitas alegrias, porque comemoramos as vitórias de cada um deles. Carregamos conosco parte da vida e das lembranças deles. E eles serão sempre parte das nossas lembranças mais gostosas.

Não é assim tão fácil fazer amigos, mas também não existe uma fórmula pronta pra isso. Às vezes achamos que temos um novo, mas logo ele desaparece da nossa vida. É que a amizade verdadeira nasce mesmo depois de experimentar o passar do tempo, talvez a distância, as diferenças, as mudanças, as manias, o correr da vida...

A vida fica mais simples quando temos amigos. E dividir com eles as coisas mais simples da vida é uma riqueza. Abraço de amigo é uma delícia! E sorriso?!

Fim de semana vendo filmes em casa, falando de sonhos, contando casos da vida, fazendo planos, devaneando, tentando fazer uma receita que não dá certo, rindo de si mesmo e às vezes de nada. Cineminha e pizza, com direito a alguns bolos de vez em quando. A gente entende que o amigo trabalha demais. E por falar nisso, misturar amigo e trabalho é uma alegria. Não sei como seria não poder contar com a pessoa da cadeira ao lado.

E aquela passadinha rápida pra falar oi? Confidências, relatórios dos últimos acontecimentos, pessoalmente, pelo telefone e até internet para os mais ligados no mundo virtual. Uma saída pra dançar. Visita no aniversário ou em dias de febre. Viagens para qualquer lugar do mundo. Acordar cedo pra fazer passeios quando o que você mais quer é dormir mais um pouquinho. (tem amigos que deixam e até acompanham). Encontro uma vez por ano com aqueles que estão muito longe, mas mesmo assim estão sempre próximos.

Amigos sentem o outro pelo jeito de falar, pelo olhar e até pelo jeito como estão teclando em uma conversa virtual. Escutam a mesma história até que o outro se canse de contar. Sabem que o outro está no seu inferno astral mesmo sem olhar no calendário. Sabem que o outro está ali para o que precisar, mesmo que às vezes ele não tenha a mínima idéia do que fazer para ajudar. Entendem e respeitam, mesmo que não concordem. Encontram-se com uma extensa programação ou até mesmo sem nada pra fazer. Simplesmente por serem amigos.

PS: Este post é para a Blogagem Coletiva Vida Simples, promovida pelo blog Mila's Ville. Hoje o tema é Vida Simples - Amigos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A arte de ouvir


É incrível como nos comunicamos mesmo quando não temos, conscientemente, a intenção de fazê-lo. E também como recebemos estas comunicações e as internalizamos, mesmo quando elas não são explícitas. Fiquei pensando nisso ao ler um trecho do livro ‘O Monge e o Executivo’. No início, achei que não tinha motivo para fazer esta leitura, já que não tenho a pretensão de liderar ninguém, mas agora, passando do meio do livro, vejo que ele tem colocações muito interessantes, e que servem para qualquer pessoa.

Hoje a minha reflexão foi, mais uma vez, sobre saber ouvir. Existem muitas pessoas que não deixam a outra completar sequer uma frase. Eu já fui assim. Digo fui porque estou em processo de mudança, e não porque já seja uma excelente ouvinte. Estou me conhecendo e aprendendo a dominar esses instintos que transmitem imagens tão negativas. Todos gostam de ser ouvidos. É para isso que falamos, seja para uma ou para mil pessoas. Quando uma pessoa não quer ser ouvida, ela pensa e não verbaliza. Como devemos dar ao mundo o mesmo que desejamos receber, estou me movimentando para aprender a ouvir.

E vejo que isso é mais importante do que eu de fato imaginava. Quanto mais conscientes vamos ficando, mais fácil vai se tornando a tarefa. No livro, James C. Hunter fala que quando interrompemos uma pessoa que está falando, a mensagem que ela recebe, mesmo que não processe conscientemente desta forma, é que não estávamos prestando atenção ao que ela dizia, pois já estávamos com a cabeça ocupada formulando uma reposta, mesmo antes dela concluir o pensamento. Quando não ouvimos, também mostramos que não valorizamos a opinião do outro, já que o que temos a dizer é sempre mais importante. Isso vale para amigos, colegas de trabalho, família, subordinados, etc.

E já pensou que coisa mais simples é ouvir? Nem tanto, não é? Temos que silenciar nosso interior conturbado para nos concentrar no que o outro diz. Parar de pensar em nós e doar aquele momento a quem fala. Outro ponto interessante é ter em mente que nem sempre precisamos ter respostas para o que ouvimos, porque, muitas vezes, quando falamos, vamos encontrando nossas próprias respostas. Às vezes só precisamos de um bom ouvinte, que nos mostre que o que dizemos é importante, que demonstre que se preocupa conosco.

Ouvir é uma demonstração de amor. E você, é um bom ouvinte?